ANA SOCORRO RAMOS BRAGA
Ana Socorro Ramos Braga Doutorada em Teatro pela Universidade do Estado de Santa Catarina (2019), mestrado em Políticas Públicas (2000) e graduação em Educação Artística com habilitação em Artes Cênicas (1995) pela Universidade Federal do Maranhão. Brincantes e dançadeira de Tambor de Crioula e outras performances afro-ameríndias maranhenses e nordestinas. Sou professora assistente desta mesma universidade, lotada no Departamento de Artes Cênicas. Tenho experiência no ensino e pesquisa na área de educação (formação inicial e continuada de professores para a educação básica e gestão da educação pública); arte e cultura (folclore, política cultural, patrimônio-tambor de crioula) e religião (devoção e romarias). Supervisiono as atividades de estágio e desempenho a função de Coordenadora de Estágio, Membro do Núcleo Docente Estruturante (NDE) e do Colegiado dos Cursos de Licenciatura em Teatro e Artes Visuais (EaD). Sou coordenadora de área do Sub-Projeto Teatro do PIBID 2020-2022. Coordena e participa dos grupos de pesquisa/estudo Laboratório de Teatro Comunitário (LABORITEC) e Laboratório de Tecnologias Dramáticas (LABTECDRAMA).
PESQUISA REALIZADA
ELES/ELAS ESTÃO UNZUNZOTO: Vida, morte e transmissão de saberes incorporados no tambor de crioula em vargem grande, maranhão
A intenção inicial deste trabalho de investigação foi conhecer o tambor de crioula a partir da visão de quem o realiza, com o intuito de propor possibilidades para promover o seu fortalecimento. Parti do pressuposto que seria necessário compreender as relações nele estabelecidas, assim como compreendê-lo como parte da ancestralidade Africana no Brasil. Primeiramente, realizei um estudo do tambor de crioula em São Luís, capital do estado do Maranhão, focalizando como este foi institucionalizado e patrimonializado. Depois, relatei a pesquisa de campo, partindo da identificação do tambor, conforme denominam as pessoas com quem pesquiso e outras categorias importantes para elas como o batalhão, a ajuda e a promessa. Daí em diante, identifiquei que os batalhões são formados pelos deslocamentos das pessoas entre os terreiros (frente da casa) e os cemitérios, lugares onde se realizam os tambores. A motivação é o pagamento de promessa para São Benedito e outros santos católicos, e para as almas – almas milagrosas, todas as almas, alma de um/uma parente. Utilizei, dentre outros, os conceitos de performance (ritual e jogo), motriz afro-brasileira e memória incorporada para constituir um entendimento das relações das pessoas entre si e destes com seus parentes falecidos entre o mundo dos vivos e o outro mundo, por isso defendo que o tambor de crioula é uma prática ritual ancestral através do qual se aprende e transmite-se saberes/conhecimentos incorporados. A transmissão é ativada pelo ato de dançar, cantar e bater tambores, que se faz indistintamente e ininterruptamente no decorrer de uma noite em que eles e elas permanecem unzunzoto, em relação. Isso, por sua vez, faz de seus praticantes mestres na preservação e transmissão dos saberes incorporados, bem como guardiães das memórias ancestrais. Por fim, narrei como me tornei aprendiz de dançadera, e relatei também as etapas iniciais de um processo de facilitação que chamei de “roda de ação”, inspirada nas formulações sobre teatro na comunidade. A “roda de ação” incluiu estratégias e atividades para recuperação e transmissão de saberes intergeracionais nos contextos sociais que chamei de roteiros, sendo estes os seguinte: quilombos Rampa e Piqui da Rampa, situados geograficamente na fronteira do município de Vargem Grande com os municípios de Cantanhede e Pirapemas; quilombo Pução, povoado Avenida Brasil, situado na fronteira com o município de Presidente Vargas; e na sede urbana dos municípios de Nina Rodrigues e Vargem Grande, Maranhão.
Link de acesso a Tese: ELES/ELAS ESTÃO UNZUNZOTO: vida , morte e transmissão de saberes incorporados no tambor de crioula